Maria Inês – Miss Coragem´23

2024 e nunca pensei em chegar até aqui, menos ainda na qualidade de Miss…

Nasci em Lisboa (1995), mas sou claramente do interior do país, da região Trasmontana. Apesar de também ter vivido no Porto durante mais de 10 anos, foi em Vila Real que cresci e me estabeleci – há também quem diga que sou filha do mundo, porque estou sempre de malas e bagagens às costas, aqui e acolá, com uma sede de descoberta insaciável.

Sou apaixonada pela arte e pela cultura e mesmo tendo sido obrigada a fazer cedências a nível académico, na hora H foi fácil encontrar o meu caminho, mesmo que este não (vos) pareça tão linear quanto o título que possuo.

Em 2014, exatamente durante o meu primeiro ano de universidade, foi-me diagnosticada uma doença neuro-degenerativa que mudou a minha vida permanentemente. Aos poucos, um bocadinho todos os dias, vou perdendo capacidades físicas para fazer o que mais gosto: para trás ficou o basquetebol e a dança, o desenho, a costura e a fotografia, as viagens a solo e a independência de quem é muito dona do seu nariz. Mas ficaram as minhas pessoas, aquelas que me ajudam a alimentar os meus sonhos e a tornar este pesado fardo um pouco mais leve; ficou a vontade de viver mais, melhor e mais rápido e foi por isto que deixei também de dizer ‘nãos’ imediatos… Foi assim que, neste trajeto de altos e baixos, cheguei ao Miss Best Portugal ou o MB chegou até a mim (acho que ‘chegámos’ um ao outro na verdade).

Recebi o convite via Instagram e apesar de muito reticente, acabei por embarcar nesta aventura. Os concursos de beleza ainda não estão preparados no seu todo para aceitar candidatas que tenham mobilidade reduzida, por isso a minha participação nunca teve por objetivo o ‘ganhar uma coroa’ (um dos prémios mais desejados), mas sim o desafiar-me, o experimentar o meu tão querido mundo da moda e da fotografia, enquanto abrimos juntos uma porta (ainda pequena) para a igualdade de oportunidades.

A minha participação no MB Portugal levou-me ainda mais longe; saí totalmente da minha zona de conforto, conheci pessoas incríveis e deu-me a oportunidade de dar uma voz à igualdade e à Ataxia de Friedreich – porque somos mulheres e não medidas.

Beijinho, Mi

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